King of Fighters '94 |
A SNK (Shin Nihon Kikaku - Algo como "projeto Japão
Novo") é uma produtora japonesa de games que ficou mundialmente conhecida pelos
seus títulos de luta - Como Fatal Fury, Art of Fighting, Savage Reign, World
Heroes, Samurai Shodown (ou Samurai Spirits), The Last Blade e sua grande obra
prima: a série The King of Fighters. Entre seus títulos de ação estão os
clássicos como Athena e Ikari Warriors e a série Metal Slug.
A SNK fez um estrondoso sucesso nas décadas de 1980 e 1990 quando seus títulos
tiveram grande êxito, mais especificamente as séries Fatal Fury e King of
Fighters (que é uma união dos personagens dos diversos títulos da SNK, fora os
personagens exclusivos do jogo, como Kyo Kusanagi e Iori Yagami). Os games de
luta da SNK tiveram mais sucesso no Japão do que o grande título da Capcom no
momento - o Street Fighter II. Games como Fatal Fury 2, Fatal Fury 3
apresentavam uma jogabilidade mais interessante, gráficos em
2d bem animados,
ataques especiais, combos diversos, enquanto o SF II se mantinha naquela base
do soco, chute e só.
Real Bout Fatal Fury Special |
O foco da SNK sempre foi os fliperamas, mas com o advento dos consoles mais fortes, como o SNES e posteriormente o Playstation, ela começou a criar versões caseiras de seus games, assim como as demais produtoras faziam. O sistema utilizado pela SNK, criado em 1990, era o chamado Neo Geo Multi Vídeo System (ou MVS). O sistema Neo Geo MVS era de 24 bits, com excelentes cores e com a capacidade de processar muitos frames por segundo, criando animações belas que nenhum outro sistema poderia produzir na época (em certos jogos, os sprites em 2D fluíam tão bem que chegavam à dar impressão de que eram em 3D)! A SNK lançou, também em 1990, a versão caseira do sistema - o console Neo Geo (de cartucho). Em 1994 foi lançado o Neo Geo CD, que passou a utilizar cds ao invés de cartuchos. As versões caseiras tiveram um sucesso limitado, pois era dedicado em sua maioria aos jogos da SNK, e poucas produtoras fizeram jogos para o console. Apesar da qualidade idêntica a dos fliperamas, não conseguiu competir com consoles como SNES, Mega Drive e depois contra o Playstation, Nintendo 64 e o Sega Saturn. Esses últimos consoles, quando recebiam um jogo em 2D que originalmente era de fliperama, estes vinham com perdas gráficas imensas, com destaque para o SNES (compare as versões de fliperama e console da série MK, Samurai Shodown e Killer Instinct e verão como o SNES era inferior aos fliperamas) e Playstation (O velho PS fora criado visando apenas os games em 3D e nunca foi otimizado para o 2D. As versões em 2D dos games de fliperama para o console sofriam com corte de quadros de animação, pois o videogame não conseguia processar quadros em 2D rapidamente).
Máquina de Fliperama com a Neo Geo MVS |
Placa Neo Geo MVS para fliperama - sistema de cartuchos |
Neo Geo CD - Com a mídia do King of Fighters '98 |
O sistema MVS pode ser considerado o triunfo e ao mesmo tempo a ruína da SNK. O sistema Neo Geo MVS durou muito, devido à sua capacidade gráfica, enquanto o sistema criado pela Capcom, o CPS (Capcom Playing System) se tornara obsoleto, o que fez com que ela lançasse novas versões, como as grande CPS -2 e CPS -3. A primeira CPS fora dedicada à games da época do Street Fighter II; a CPS -2 trouxe games como a série Street Fighter Alpha, os crossovers como X-Men vs Street Fighter e Marvel vs Capcom; enquanto a CPS - 3 e seu imenso poder gráfico trouxeram o belo Street Fighter 3, Warzards (Red Earth) e JoJo Bizarre Adventure.
A famosa série Metal Slug. Um dos jogos mais divertidos que existem. Boa jogabilidade, muita ação. Era simplesmente perfeito para 2 jogadores. |
Não eram só os gráficos ultrapassados que tornavam os sistemas obsoletos, tinha algo muito mais grave - a emulação do sistema. Podemos dizer que a emulação é a grande culpada pela queda da SNK. A Capcom teve seu primeiro sistema CPS emulado, o que a levou a produzir a CPS-2, que além dos novos gráficos, continha um sistema anti-emulação. Para emular uma placa de fliperama, era necessário obter os dados do firmware, o que foi fácil fazer com a CPS 1 e alguns consoles. Na CPS 2 - a Capcom inseriu um esquema que faria com que a placa "pifasse" se tentassem ter acesso ao firmware. Mas com o tempo, ela foi emulada também, o que forçou a Capcom criar a CPS 3 com uma trava anti-emulação bem eficiente - tão eficiente que a CPS 3 só foi emulada com sucesso 10 anos depois de sua criação(1996 - 2006), quando a placa já estava obsoleta e os jogos mais novos estavam utilizando a placa da Sega - a Naomi (foi na placa Naomi que lançaram os jogos mais modernos, como os crossovers Capcom vs SNK 1 e 2, Marvel vs Capcom 2, etc..).
Do King of Fighter '94 ao 2003, poucas inovações gráficas foram feitas nos jogos. Essa imagem é uma cena do KOF '97, considerado por muitos o "melhor" da série. |
Enquanto a Capcom se preocupou com o problema da emulação e pirataria, a SNK praticamente não deu tanta importância, o que foi uma grande burrada. O sistema Neo Geo MVS havia sido emulado já na metade da década de 1990, e mesmo assim, a SNK insistiu na mesma placa. Ou seja, ela lançava um jogo para a MVS e esse jogo era automaticamente emulado! A insistência em se manter no mesmo sistema também impediu que a SNK melhorasse a interface gráfica de seus jogos, os quais acabavam se parecendo muito. Os games da série The King of Fighters, do 94 ao 2003, foram todos lançados para a MVS, apresentando poucas mudanças visuais. Os críticos sempre diziam que os KOF's eram todos parecidos - e com razão. É só você jogar o KOF'94 e ver a animação de fogo. Ela continua a mesma até no KOF 2003! A questão da emulação e da pouca inovação ajudaram com que a SNK decretasse falência em 2001.
Em 2001, a SNK fora adquirida pela sul-coreana Eolith, mas mesmo assim poucas mudanças foram feitas nos jogos. Lançaram os King of Fighters 2001 e 2002, jogos que ficaram legais porém apresentaram pouquíssimas inovações e os mesmos gráficos reciclados. Ainda persistiram na burrice de se manterem no sistema MVS - agora totalmente ultrapassado e 100% emulado. Em 2002, a SNK foi adquira pela também sul-coreana Playmore, e passou a se chamar "SNK Playmore".
Agora, a Playmore buscou tentar levar os games para uma nova geração. Criou novas versões caseiras de games já lançados, como o KOF 2001 e 2002 para o Playstation 2, naquele mesmo esquema da Capcom na época - jogos de luta em 2D, com personagens em 2D, mas com cenários em 3D, como o Marvel vs Capcom 2 e o Capcom vs Snk 2. A Playmore, após o KOF 2003, decidiu abandonar a Neo Geo MVS, migrando para o sistema da Sammy (a produtora da série Guilty Gear), chamada de "Atomiswave".
Logo da Eolith, que adquiriu a SNK em 2001 e foi a responsável pela produção do King of Fighters 2001 |
Atual logomarca da SNK, que mostra sua fusão com a sul-coreana Playmore. |
A partir da migração para a Atomiswave, a SNK Playmore lançou seu "jogo-teste" para o sistema em 2004 - o The King of Fighters Neo Wave - um jogo sem parte canônica (como o KOF 98 e 2002) que não trouxe nada de novo. Em 2004, a SNK lançou a primeira série totalmente em 3D de KOF - Maximum Impact (muito criticada por fugir dos padrões 2D). Mas em 2005, a SNK fora mais estratégica e lançou dois bons games de luta: O King of Fighters XI, com nova fórmula e personagens clássicos; e o Neo Geo Battle Coliseum, um jogo de luta, estilo tag team (troca de personagens durante a luta) entre os personagens mais clássicos da SNK, como os da série Samurai Showdown, Art of Fighting e World Heroes. Os jogos apresentaram gráficos melhores (e outros reciclados - o que parece ser o mal da SNK), com muitas cores. Podemos dizer que ambos os games foram um sucesso. Em 2006, o Maximum Impact 2 fora lançado, sem muito sucesso.
Em 2008, foi lançada uma versão completa e reformulada do KOF' 98, chamada de "The King of Fighters '98: Ultimate Match". O jogo celebra os 10 anos do KOF' 98 trazendo novos jogadores, cenários em 3D e novos golpes. Ou seja, trouxe toda a "completude" necessária que o primeiro jogo não teve durante o ano de 1998 na sua primeira versão. Em 2009, foi lançada uma versão completa do KOF 2002, chamada de "The King of Fighters 2002: Unlimited Match". Esse jogo inseriu todos os personagens dos KOF's 99, 2000, 2001 e 2002, ou seja- era um compêndio da chamada "Saga NESTS" (o enredo entre o 99-2001, sendo que o 2002 era uma coletânea sem enredo). E mais uma vez, o jogo ficou bom, naquele mesmo esquema: gráficos renovados com mistura de 2D e 3D.
Também no ano de 2009, a SNK lançou seu primeiro jogo para a sétima geração
(XBOX 360 e PS3) - O The King of Fighters XII, que continuava com o enredo do
KOF 2003 e XI (Saga Tales of Ash Crimson). Em 2010, fora lançado o The King of
Fighters XIII - o encerramento da Saga Tales of Ash. Os dois games foram bem
feitos, tanto em jogabilidade como nos gráficos - que agora em HD pareciam
"cartunizados".
O KOF XII foi o primeiro da série para a sétima geração, como também o primeiro game em HD da série. O 2D foi mantido, dando a impressão que você está jogando um anime. |
Hoje em dia, a SNK Playmore está mais empenhada em lançar versões de seus clássicos
para sistemas móveis, como Android. Não sabemos ainda se a produtora pensa em
lançar uma nova versão de seus games, ou um game totalmente novo. Podemos dizer
que a SNK, por tudo o que passou devido à sua teimosia em resistir às
inovações, ainda saiu um pouco vitoriosa!
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