quinta-feira, 13 de março de 2014

SNK - Azar ou descuido?






King of Fighters '94
A SNK (Shin Nihon Kikaku - Algo como "projeto Japão Novo") é uma produtora japonesa de games que ficou mundialmente conhecida pelos seus títulos de luta - Como Fatal Fury, Art of Fighting, Savage Reign, World Heroes, Samurai Shodown (ou Samurai Spirits), The Last Blade e sua grande obra prima: a série The King of Fighters. Entre seus títulos de ação estão os clássicos como Athena e Ikari Warriors e a série Metal Slug.

A SNK fez um estrondoso sucesso nas décadas de 1980 e 1990 quando seus títulos tiveram grande êxito, mais especificamente as séries Fatal Fury e King of Fighters (que é uma união dos personagens dos diversos títulos da SNK, fora os personagens exclusivos do jogo, como Kyo Kusanagi e Iori Yagami). Os games de luta da SNK tiveram mais sucesso no Japão do que o grande título da Capcom no momento - o Street Fighter II. Games como Fatal Fury 2, Fatal Fury 3 apresentavam uma jogabilidade mais interessante, gráficos em
 2d bem animados, ataques especiais, combos diversos, enquanto o SF II se mantinha naquela base do soco, chute e só.
Real Bout Fatal Fury Special


O foco da SNK sempre foi os fliperamas, mas com o advento dos consoles mais fortes, como o SNES e posteriormente o Playstation, ela começou a criar versões caseiras de seus games, assim como as demais produtoras faziam. O sistema utilizado pela SNK, criado em 1990, era o chamado Neo Geo Multi Vídeo System (ou MVS). O sistema Neo Geo MVS era de 24 bits, com excelentes cores e com a capacidade de processar muitos frames por segundo, criando animações belas que nenhum outro sistema poderia produzir na época (em certos jogos, os sprites em 2D fluíam tão bem que chegavam à dar impressão de que eram em 3D)! A SNK lançou, também em 1990, a versão caseira do sistema - o console Neo Geo (de cartucho). Em 1994 foi lançado o Neo Geo CD, que passou a utilizar cds ao invés de cartuchos. As versões caseiras tiveram um sucesso limitado, pois era dedicado em sua maioria aos jogos da SNK, e poucas produtoras fizeram jogos para o console. Apesar da qualidade idêntica a dos fliperamas, não conseguiu competir com consoles como SNES, Mega Drive e depois contra o Playstation, Nintendo 64 e o Sega Saturn. Esses últimos consoles, quando recebiam um jogo em 2D que originalmente era de fliperama, estes vinham com perdas gráficas imensas, com destaque para o SNES (compare as versões de fliperama e console da série MK, Samurai Shodown e Killer Instinct e verão como o SNES era inferior aos fliperamas) e Playstation (O velho PS fora criado visando apenas os games em 3D e nunca foi otimizado para o 2D. As versões em 2D dos games de fliperama para o console sofriam com corte de quadros de animação, pois o videogame não conseguia processar quadros em 2D rapidamente).

Máquina de Fliperama com a Neo Geo MVS

Placa Neo Geo MVS para fliperama - sistema de cartuchos

Neo Geo CD - Com a mídia do King of Fighters '98

O sistema MVS pode ser considerado o triunfo e ao mesmo tempo a ruína da SNK. O sistema Neo Geo MVS durou muito, devido à sua capacidade gráfica, enquanto o sistema criado pela Capcom, o CPS (Capcom Playing System) se tornara obsoleto, o que fez com que ela lançasse novas versões, como as grande CPS -2 e CPS -3. A primeira CPS fora dedicada à games da época do Street Fighter II; a CPS -2 trouxe games como a série Street Fighter Alpha, os crossovers como X-Men vs Street Fighter e Marvel vs Capcom; enquanto a CPS - 3 e seu imenso poder gráfico trouxeram o belo Street Fighter 3, Warzards (Red Earth) e JoJo Bizarre Adventure. 

A famosa série Metal Slug. Um dos jogos mais divertidos que existem. Boa jogabilidade, muita ação. Era simplesmente perfeito para 2 jogadores.

Não eram só os gráficos ultrapassados que tornavam os sistemas obsoletos, tinha algo muito mais grave - a emulação do sistema. Podemos dizer que a emulação é a grande culpada pela queda da SNK. A Capcom teve seu primeiro sistema CPS emulado, o que a levou a produzir a CPS-2, que além dos novos gráficos, continha um sistema anti-emulação. Para emular uma placa de fliperama, era necessário obter os dados do firmware, o que foi fácil fazer com a CPS 1 e alguns consoles. Na CPS 2 - a Capcom inseriu um esquema que faria com que a placa "pifasse" se tentassem ter acesso ao firmware. Mas com o tempo, ela foi emulada também, o que forçou a Capcom criar a CPS 3 com uma trava anti-emulação bem eficiente - tão eficiente que a CPS 3 só foi emulada com sucesso 10 anos depois de sua criação(1996 - 2006), quando a placa já estava obsoleta e os jogos mais novos estavam utilizando a placa da Sega - a Naomi (foi na placa Naomi que lançaram os jogos mais modernos, como os crossovers Capcom vs SNK 1 e 2, Marvel vs Capcom 2, etc..).

Do King of Fighter '94 ao 2003, poucas inovações gráficas foram feitas nos jogos. Essa imagem é uma cena do KOF '97, considerado por muitos o "melhor" da série.


Enquanto a Capcom se preocupou com o problema da emulação e pirataria, a SNK praticamente não deu tanta importância, o que foi uma grande burrada. O sistema Neo Geo MVS havia sido emulado já na metade da década de 1990, e mesmo assim, a SNK insistiu na mesma placa. Ou seja, ela lançava um jogo para a MVS e esse jogo era automaticamente emulado! A insistência em se manter no mesmo sistema também impediu que a SNK melhorasse a interface gráfica de seus jogos, os quais acabavam se parecendo muito. Os games da série The King of Fighters, do 94 ao 2003, foram todos lançados para a MVS, apresentando poucas mudanças visuais. Os críticos sempre diziam que os KOF's eram todos parecidos - e com razão. É só você jogar o KOF'94 e ver a animação de fogo. Ela continua a mesma até no KOF 2003! A questão da emulação e da pouca inovação ajudaram com que a SNK decretasse falência em 2001.

Em 2001, a SNK fora adquirida pela sul-coreana Eolith, mas mesmo assim poucas mudanças foram feitas nos jogos. Lançaram os King of Fighters 2001 e 2002, jogos que ficaram legais porém apresentaram pouquíssimas inovações e os mesmos gráficos reciclados. Ainda persistiram na burrice de se manterem no sistema MVS - agora totalmente ultrapassado e 100% emulado. Em 2002, a SNK foi adquira pela também sul-coreana Playmore, e passou a se chamar "SNK Playmore".
Agora, a Playmore buscou tentar levar os games para uma nova geração. Criou novas versões caseiras de games já lançados, como o KOF 2001 e 2002 para o Playstation 2, naquele mesmo esquema da Capcom na época - jogos de luta em 2D, com personagens em 2D, mas com cenários em 3D, como o Marvel vs Capcom 2 e o Capcom vs Snk 2. A Playmore, após o KOF 2003, decidiu abandonar a Neo Geo MVS, migrando para o sistema da Sammy (a produtora da série Guilty Gear), chamada de "Atomiswave".
Logo da Eolith, que adquiriu a SNK em 2001 e foi a responsável pela produção do King of Fighters 2001

Atual logomarca da SNK, que mostra sua fusão com a sul-coreana Playmore.


A partir da migração para a Atomiswave, a SNK Playmore lançou seu "jogo-teste" para o sistema em 2004 - o The King of Fighters Neo Wave - um jogo sem parte canônica (como o KOF 98 e 2002) que não trouxe nada de novo. Em 2004, a SNK lançou a primeira série totalmente em 3D de KOF - Maximum Impact (muito criticada por fugir dos padrões 2D). Mas em 2005, a SNK fora mais estratégica e lançou dois bons games de luta: O King of Fighters XI, com nova fórmula e personagens clássicos; e o Neo Geo Battle Coliseum, um jogo de luta, estilo tag team (troca de personagens durante a luta) entre os personagens mais clássicos da SNK, como os da série Samurai Showdown, Art of Fighting e World Heroes. Os jogos apresentaram gráficos melhores (e outros reciclados - o que parece ser o mal da SNK), com muitas cores. Podemos dizer que ambos os games foram um sucesso. Em 2006, o Maximum Impact 2 fora lançado, sem muito sucesso.
Em 2008, foi lançada uma versão completa e reformulada do KOF' 98, chamada de "The King of Fighters '98: Ultimate Match". O jogo celebra os 10 anos do KOF' 98 trazendo novos jogadores, cenários em 3D e novos golpes. Ou seja, trouxe toda a "completude" necessária que o primeiro jogo não teve durante o ano de 1998 na sua primeira versão. Em 2009, foi lançada uma versão completa do KOF 2002, chamada de "The King of Fighters 2002: Unlimited Match". Esse jogo inseriu todos os personagens dos KOF's  99, 2000, 2001 e 2002, ou seja- era um compêndio da chamada "Saga NESTS" (o enredo entre o 99-2001, sendo que o 2002 era uma coletânea sem enredo). E mais uma vez, o jogo ficou bom, naquele mesmo esquema: gráficos renovados com mistura de 2D e 3D.
Cena do KOF Neowave. O jogo trouxe praticamente nada inovador. Foi praticamente um teste para o sistema Atomiswave da Sammy. As versões caseiras do game apresentam cenários em 3D renderizados em tempo real.



Cena do Neo Geo Battle Coliseum, mostrando Marco Rossi (da série Metal Slug) usando sua famosa "Heavy Machine Gun" contra Nakoruru (da série Samurai Shodown/Spirits). No enredo do NGBC, os heróis dos diversos jogos enfrentam uma companhia chamada de WAREZ, que cria clones. Isso é uma referência aos emuladores - que foram responsáveis pela falência da SNK em 2001. O Boss mais forte do jogo é um clone de Igniz (último boss do KOF 2001), que representa a má fase da empresa enquanto estava sob comando da Eolith.


O KOF XI apresentou uma melhora na mecânica da série, mantendo o esquema de Tag Battle do KOF 2003. O maior destaque do jogo, neste caso, é a possibilidade de jogar com mais personagens, incluindo clássicos como os que são mostrados nessa cena: Sho Hayate (Savage Reign) e Jyazu (Kizuna Encounter)

KOF: Maximum Impact. A versão totalmente em 3D de KOF não foi bem recebida pelos fãs e pela crítica, que disseram que era uma "fuga das origens".


Também no ano de 2009, a SNK lançou seu primeiro jogo para a sétima geração (XBOX 360 e PS3) - O The King of Fighters XII, que continuava com o enredo do KOF 2003 e XI (Saga Tales of Ash Crimson). Em 2010, fora lançado o The King of Fighters XIII - o encerramento da Saga Tales of Ash. Os dois games foram bem feitos, tanto em jogabilidade como nos gráficos - que agora em HD pareciam "cartunizados".

O KOF XII foi o primeiro da série para a sétima geração, como também o primeiro game em HD da série. O 2D foi mantido, dando a impressão que você está jogando um anime.
Hoje em dia, a SNK Playmore está mais empenhada em lançar versões de seus clássicos para sistemas móveis, como Android. Não sabemos ainda se a produtora pensa em lançar uma nova versão de seus games, ou um game totalmente novo. Podemos dizer que a SNK, por tudo o que passou devido à sua teimosia em resistir às inovações, ainda saiu um pouco vitoriosa!



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