quinta-feira, 1 de maio de 2014

O problema de levar os games a sério (demais)!









Na maioria das vezes, é sempre excelente jogar um game com os amigos. Porém a semente do caos é plantada naquele momento em que o que era para ser um lazer acaba se tornando uma espécie de "compromisso inadiável" e qualquer pequeno erro se torna motivo de estresse.




Anos atrás, eu era bem encanado em jogar umas partidas de Magic: the Gathering usando o Magic Workstation. Assim, enquanto eu procurava jogadores, eu sempre notava alguns "requerimentos" e muitos jogadores procuravam por um "serious game". Isso me fez pensar: Caramba, um jogo sério? Mas isso é apenas um jogo, porra! Uma forma de entretenimento!


Em torneios de Magic: The Gathering, existem regras mais rígidas com o propósito de tornar o jogo mais equilibrado. O que acontece é que muitas vezes isso é transportado para os jogos convencionais, o que não tem a menor necessidade, principalmente no que se refere às cartas banidas e restritas.

Lógico que isso não se aplica só ao Magic, mas também em jogos eletrônicos, principalmente aqueles que envolvem múltiplos jogadores. Com a "multiplicação desmedida" de MMORPG's, isso se tornou uma constante. Não estou falando do vício no jogo, que a pessoa deixa de fazer tudo para jogar, nada disso! Eu estou falando de quando o jogo deixa de ser diversão para se tornar algo a mais.

MMORPG's, como World of Warcraft por exemplo, são jogos que obviamente demandam um tempo maior. Até aí tudo bem. O problema é quando tudo começa a ficar regrado demais, e passam a esquecer a diversão e passam levar o game a sério demais, como uma espécie de "trabalho". As vezes, a exploração de uma dungeon e uma guerra se tornam um compromisso inadiável.


Eu por exemplo, já vi muita briga séria começar por causa de um game: seja nos MMORPG's, por um healer deixar toda a equipe morrer; seja em FPS, por ter perdido à oportunidade de eliminar um oponente. Parece que a possibilidade de erro é inaceitável e isso gera frustração na maioria dos jogadores.

Jogos de tiro em primeira pessoa são extremamente legais quando jogados em modo multiplayer! Porém, eu já testemunhei brigas que começaram em pequenos campeonatos. Nessas brigas, é sempre possível escutar coisas do tipo: "você é um noob e foi o culpado pela derrota do time"!


Às vezes, as coisas ficar um tanto assustadoras. Uma vez, conversando com um amigo que jogava Perfect World, ele disse que sua guilda (ou clã, nos termos do jogo) o chamou para uma "reunião com caráter de urgência" (sim, ele usou essas palavras) e que ele precisava entrar em contato com os outros jogadores o mais rápido possível, pois iam falar sobre as futuras "guerras" contra outros clãs.

E tem gente que defende a ideia de que games são coisa séria... Vejamos...

É fato que a industria de games é grande e pode ser comparada à industria cinematográfica e musical. Mas assim como o Cinema, o foco ainda é o entretenimento. Muitos vão falar: "games são coisa séria sim, veja a empresas e os produtores, e o quanto eles ganham". Lógico, é o trabalho deles, mas muitos (noobs) ainda acham que trabalhar na produção de games ainda é sinônimo de alegria e diversão. Muitos imaginam um escritório lindo, decorado com bonecos de personagens de games enquanto o produtor fica em frente a um computador jogando. Muitos não entendem que o desenvolvimento de games envolve um conhecimento brutal de computação e que muitos ralam de verdade.

Shigeru Miyamoto é famosíssimo por ser o criador das séries de maior sucesso da Nintendo, como Mario, Zelda, StarFox e Donkey Kong. Muitos acham que o trabalho de um criador ou desenvolvedor é composto apenas de prazeres, como uma jogatina constante, desconhecendo totalmente o conhecimento e o trabalho de equipe que é necessário numa produção. Miyamoto por exemplo, é um artista graduado.


Bom, aí você explica como é produzido um game e já vem um próximo indivíduo dizer: "ah, e aqueles que ganham para jogar em torneios" - considerando isso o "emprego dos sonhos".  O que muitos não sabem é que esses "gamers profissionais" atuam como marketeiros de produtoras e fabricantes de consoles e computadores. Eles trabalham na divulgação do produto - como um comercial - e estão vinculados à uma empresa que lhes dita a regra. Não é simplesmente jogar por prazer e ganhar dinheiro, existem muitos trâmites em relação à isso!

Com a popularidade crescente dos games que envolvem multiplayer foram criados espaços para que ocorram disputas entre equipes de jogadores. Nesse contexto, os jogos recebem a ridícula alcunha de "e-sports" (esportes eletrônicos). Apesar de toda o espetáculo proporcionado, o foco disso tudo é a publicidade das produtoras, que lucrarão muito com a venda de seus produtos. Hoje em dia, isso é tão popular que estão construindo estádios (sim, estádios mesmo) dedicados aos e-sports.

Equipes assalariadas de gamers são bem comuns hoje em dia, e muitos acham que isso é o "emprego perfeito". Esse caso é bem fácil de entender: sabem aqueles grupos de axé onde dois cantam e três "bailarinas" gostosas dançam no ritmo da canção? Pois bem, com esses jogadores é a mesma coisa. Eles são usuários de produtos das diversas empresas envolvidas com games e fazem a divulgação. Em poucas palavras, são "garotos-propaganda" (notem por suas roupas). Eles não estão apenas "jogando", eles também tem metas a cumprir, sendo que estas não envolvem a jogatina...

Apesar da premiação ser muitas vezes em dinheiro, o propósito dos torneios é o entretenimento do público. Ele só é sério para as empresas envolvidas, que buscam lucrar com a venda de seus produtos. No mais, não tem o porque o gamer considerar isso uma "missão de vida".

Muitos também querem justificar isso com os torneios que oferecem ganhos. Mesmo com torneios, o foco dos games ainda é a diversão, e não o trabalho, e o torneiro em si não deixa de ser uma forma de "lazer". Mas não, muitos ainda se descabelam por causa disso...


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