segunda-feira, 14 de abril de 2014

Castlevania Lords of Shadow 2 - suas belezas e seus horrores




 

 

 

Que o primeiro game da série Lords of Shadow foi bom, isso não tem como negar, até porque ele foi "Kojimizado"! Foi o primeiro acerto ao transportar o Castlevania para os gráficos tridimensionais. Agora, a sequência de Lords of Shadow mantém a qualidade do game anterior, porém inseriu uma mudança que dividiu opiniões: o cenário do game se alterna entre o passado e o presente.

 


Para começarmos , vamos entender o "esquema"!

A série Lords of Shadow trouxe boas mudanças na já muito velha franquia Castlevania. A primeira delas foi adotar de vez os gráficos em 3D - já que isso é um divisor de águas na franquia. A primeira experiência em 3D foi com o malsucedido Castlevania 64 (de 1999) e sua sequência mais zoada ainda. Dois anos antes, em 1997, fora lançado a obra de arte máxima: o Castlevania: Symphony of Night - considerado até hoje por muitos como o melhor game da franquia e um dos melhores games de todos os tempos. O sucesso de Symphony of Night e o fracasso de Castlevania 64 serviram para incutir na cabeça dos games aquela idéia de que "Castlevania e gráficos 3D simplesmente não combinam". Os séries Lament of Innocence e Curse of Darkness também não foram muito bem recebidas.

Outra grande mudança introduzida na série Lords of Shadow é o que cerne ao seu estilo e jogabilidade. É um hack n' slash com um toque de Shadow of the Colossus. O jogo possui muita ação e uma miríade de diferentes habilidades, o que deixa tudo muito mais interessante.

Uma mudança um tanto imperceptível foi em relação ao enredo do game. Quase ninguém entende que o enredo de Lords of Shadow é um "reboot" ou "re-imaginação". Ou seja, você encontra personagens e nomes famosos, porém num contexto diferenciado. Então, não perca seu tempo ao quebrar a cabeça para tentar estabelecer relações entre a estória de Lords of Shadow e dos demais games. Elas não estão relacionadas. Podemos dizer que existe uma fase "pré Lords of Shadows e uma pós Lords of Shadows".

Agora é hora de avaliar o game.

Enredo:


Lords of Shadows 2 é a sequência direta tanto do Lords of Shadow 1 como do Mirror of Fate. Ela apresenta Gabriel Belmont como o Conde Drácula, tanto na Idade Média como após seu despertar nos dias atuais. 

Gabriel Belmont como Dracula

O jogo começa na Idade Média, quando a Irmandade da Luz está sitiando Castlevania (o castelo de Drácula, que pertenceu à Carmilla no primeiro game). O castelo é atacado por soldados, por um "paladino alado" e por um colosso enorme. É um começo bem legal e cheio de ação, como também bem "revelador" (não, não vou colocar spoilers por aqui).

A primeira parte do game é simplesmente fantástica e cheia de ação! A Irmandade da Luz sitia o castelo de Drácula com a ajuda de seus soldados e de seu fodástico "Titã de Cristo".

Esse é Roland de Ronceval - o "paladino dourado". Qualquer semelhança com os Cavaleiros do Zodíaco é mera coincidência.

Após a parte do sítio ao castelo, o enredo vai para os dias atuais. Nesse período, o jogo se passa em Castlevania City, a cidade que foi fundada ao redor de Castlevania. Continuando a partir do final do primeiro Lords of Shadow, o enredo se desenvolve: Gabriel selou Satã no inferno durante a Idade Média, e agora, seus "acólitos" querem quebrar o selo e invocá-lo mais uma vez ao mundo.
Castlevania City foi fundada nas cercanias de Castlevania - o castelo de Dracula. É uma cidade sombria, fria e violenta.
Este é o Alucard de Lords of Shadow 2. Ele na verdade é Trevor Belmont, que foi transformado em vampiro pelo seu pai, Dracula. Nem percam tempo pensando que este Alucard é o mesmo do Castlevania 3 e do Symphony of Night, pois não é! O enredo da série Lords of Shadow não tem nada a ver com o das demais séries, sendo uma recriação. No enredo antigo, Trevor e Alucard são diferentes personagens e se encontraram em Castlevania 3
O encontro entre Dracula (Gabriel Belmont) e seu descendente Victor Belmont - o último membro da Irmandade da Luz.

Gráficos.

Os gráficos do game são bons e aparentemente utilizam a mesma engine do game anterior. O jogo possui um framerate bem estável, sem aqueles slowdowns em partes bem detalhadas, como ocorria em Lords of Shadow 1.  Os efeitos de luz e sombra também são excelentes.

Uma coisa que me decepcionou em relação ao game anterior foi a falta de variedade de cenários. Nesse game, mesmo com a alternância entre passado e presente, os ambientes são mais repetitivos. Não é como no primeiro game, onde as paisagens variavam entre florestas, vilas, cavernas, montanhas, etc.. Em Lords of Shadow 2, você fica entre a moderna, porém fria e sombria Castlevania City e a Castlevania do passado.

Um dos aspectos do castelo de Dracula. A riqueza de detalhes é impressionante e o melhor de tudo: sem queda de framerate!

Uma coisa que pesou muito no meu conceito é o fato do game se passar na atualidade. Castlevania é um game que por excelência é ambientado num passado desprovido de tecnologia onde as trevas intimidam a humanidade mais primitiva. Trocar a Idade Média do primeiro game para os dias atuais não foi algo que me agradou, mas eu fui obrigado a aceitar. Mas ainda sim, preferia as ruínas, os castelos e os mosteiros ao invés de ruas repletas de carros e arranha-céus


Estrutura do cenário.

A estrutura do game é similar ao de Lord of Shadows 1, mas com várias modificações. De início, podemos dizer que o game abandonou o esquema de mundos e fases do game anterior em favor de um cenário único, assim como em God of War. Mesmo sendo uma "fase única", ela não é linear. Muitos até dizem que o game é de "mundo aberto", o que eu já discordo totalmente. O cenário oferece grande liberdade e a possibilidade de visitar e revisitar as áreas.

Além dessa liberdade, existe a alternância entre o presente e o passado. A alternância entre épocas se dá através de portais específicos. Isso lembra muito o clássico Prince of Persia: Warrior Within. Mas diferente do Prince of Persia, o cenário do passado é totalmente diferente do presente e não uma versão alternativa.

Jogabilidade e recursos.


A jogabilidade é um ponto forte do game, pois ela é muito boa e fluente. É um jogo "gostoso" de ser jogado, pois os comandos respondem muito bem. Lords of Shadow 2 mantém o mesmo esquema de hack n' slash do anterior, sendo que as mudanças são notórias porque Gabriel agora é Drácula, portanto, ele ganhou novos poderes e habilidades.

A ação de pular, escalar e andar sobre vigas foi mantida, e continua sendo algo quase que desnecessário. Uma vez que você se encontra pendurado em algum lugar, é impossível errar o pulo para outro, sem falar que o jogo te mostra onde é possível escalar, tornando tudo incrivelmente fácil. Com o tempo, Dracula ganha mais habilidades, como uma asa para executar pulos duplos (quase idêntica ao do primeiro game, exceto pela coloração vermelha) e a possibilidade de transformar-se em névoa para passar por frestas e grades.

Algo novo que foi implementado no jogo são os momentos "sorrateiros", permitindo atingir inimigos pelas costas ou até mesmo os possuindo. Infelizmente, essa não é uma constante no jogo e só pode ser feito em momentos específicos (como quando você precisa passar pelos gigantescos guardas Golgoth). Outro recurso interessante  é a possibilidade de possuir os ratos, e assim poder passar quase que despercebido pelos inimigos ou acessar locais difíceis. É possível também distrair os inimigos mandando uma "bola de morcegos" em direção à eles.

A única maneira de passar pelos guardas Golgoth é por meio da distração ou da possesão. Ao possuir um inimigo, ele começa a morrer lentamente, pois ele não suporta o "sangue de Dracula" em seu corpo.


Ataques

De um momento inicial, os ataques parecem novos, mas não é bem assim. É quase uma repetição do game anterior com recursos diferentes. Sua arma normal é o Chicote Sombrio (Shadow Whip), que tem o mesmo efeito que a Combat Cross do game anterior, até com ataques e habilidades parecidas. A única diferença é que esse "chicote" é criado pelo sangue de Dracula, e não uma "arma" propriamente dita. Outro recurso que Dracula usa, por padrão, são as Adagas Sombrias (Shadow Daggers), que é uma "versão de sangue" das adagas comuns, e são infinitas (mas depois do uso constante, é necessário esperar um tempo para "recarrega-las").

Dracula dilacera seus inimigos com seu Chicote Sombrio, criado a partir de seu sangue maldito.


Drácula possui também duas armas secundárias - a Espada do Vazio (Void Sword) e as Garras do Caos (Chaos Claws). Essas duas armas, apesar de darem habilidades diferentes para Dracula, servem como substitutas para as magias da luz e das trevas do game anterior. A Espada do Vazio tem o mesmo efeito que a magia de luz, recuperando a vida de Dracula a cada acerto; as Garras do Caos são possuem o efeito da magia das trevas, pois tem o dano aumentado e podem inclusive destruir as defesas do inimigo.

A Espada do Vazio causa pouco dano, mas é uma arma bem rápida e que recarrega a vida de Dracula quando se acerta o inimigo. Com ela, também é possível congelar os inimigos, diminuindo a velocidade ou imobilizando-os.

Ainda sobre essas duas novas armas, elas apresentam grandes diferenças no que se referem ao ataque: a Espada do Vazio é uma arma rápida porém de dano reduzido, e é possível usar uma habilidade de congelamento com ela, tanto em inimigos como no ambiente (é possível congelar uma cascata para que ela se torne escalável). As Garras do Caos possuem um ataque muito forte, porém muito mais lento e de curto alcance. Com elas, é possível atirar bolas de fogo (ou "bombas do caos" como é chamada) para atacar inimigos ou destruir obstáculos.

As Garras do Caos são armas de menor alcance e velocidade, mas o dano causado por ela é bem alto. Elas podem ser usadas para destruir inimigos fortes ou que usam armaduras. Com ela, é possível lançar as "bombas do caos" - bolas de fogo que causam danos e destroem obstáculos. Em poucas palavras, Dracula se torna um verdadeiro estuprador quando as equipa!

Cada arma secundária possui uma "barra de duração", que decresce conforme se ataca, naquele mesmo esquema do primeiro game. Você precisa absorver orbs de mana para "reabastecê-las". A capacidade de estoque de mana é aumentada coletando 5 jóias específicas (mais uma vez igual ao game anterior - as gemas azuis são para a Espada do Vazio e as vermelhas para as Garras do Caos).

Para aprender novas habilidades, é necessário usar o dinheiro. Porém, para dar um "upgrade" na habilidade, você precisa usá-la constantemente. Conforme a habilidade é usada, uma "barra" vai se enchendo. Quando essa barra está completa, você pode "upar" a habilidade em questão. É algo que pode ser demorado (e completamente maçante).

Itens extras: o verdadeiro destruidor do equilíbrio do jogo

Lords of Shadow 2 apresenta uma miríade de itens novos e usáveis, porém eles acabam com a dificuldade do jogo.  São itens como "Tears of a Saint" (que cura todo o HP de Dracula e ainda aumenta sua capacidade máxima por tempo limitado), "Ensnared Demon" (que deixa as magias do vazio e do caos infinitas por um período de tempo), "Seal of Alastor" (que desbloqueia todas as habilidades por um período de tempo), "Dodo Egg" (que libera um pequeno dodô para encontrar itens escondidos)...

Outro item do game que merece uma menção é o "Talismã do Dragão", que serve para Dracula se transformar em um dragão e eliminar todos os inimigos próximos (ou causar alto dano em bosses). É necessário coletar 5 partes do talismã para poder usá-lo. É bem similar aos cristais roxos do Lords of Shadow 1, que eram usados para invocar aquela demonesa tetuda.



Dracula na forma de dragão, após usar o talismã.

 

Esses itens maravilhosos não são limitados e podem ser comprados na loja do Chupacabra no Castelo de Dracula - fazendo com que a dificuldade do jogo decaia brutalmente.

O game não é difícil de completar uma vez que se está munido desses itens apelões. Após completado, você pode voltar ao jogo para pegar os segredos que ficaram para traz ou para upar as habilidades. Após isso, o game perde a graça! Mas se você é daqueles gamers orgulhosos preocupados com troféus e conquistas, você será obrigado a voltar a jogar...





A loja do Chupacabra, onde os itens apelões podem ser adquiridos.


Concluindo

Apesar da falta de dificuldade, o game ainda é legal e compensa muito jogá-lo. Definitivamente, não é o melhor game da série, mas ainda oferece um pouco de diversão. Recomendo que ele seja jogado em dificuldades maiores, para que se tenha um maior proveito.



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